A Igreja católica presente na
CHINA,
antes do ano 1000
Sempre se acreditou que a Igreja católica se fez presente na China a partir do ano 1294, quando os primeiros missionários enviados pela Santa Sé chegaram à capital do país pelo caminho da seda, que os comerciantes costumavam fazer e que já tinha sido descrito por Marco Polo em sua obra "O milhão".
É verdade que foram encontrados sinais da presença do cristianismo muito anteriores a essa data, mas pensava-se que os primeiros evangelizadores da China fossem os nestorianos, Igreja que não estava em comunhão com Roma e que parecia não explicar suficientemente a unidade da natureza humana e divina em Cristo.
IMAGEM À ESQUERDA - Matteo Ricci é considerado o símbolo do primeiro contacto da China com as ciências e a tecnologia europeias, do encontro pioneiro do Evangelho com os intelectuais da raça Han, assim como um dos primeiros intercâmbios entre a cultura chinesa e a ocidental. (Homilia do Cardeal Tarcísio Bertone na Missa para os estudantes de teologia participantes do curso sobre o tema: Matteo Ricci - Diálogo entre a China e o Ocidente - 2007)
Mas a data de 1294 deve ser modificada: podemos afirmar hoje, com toda certeza, que já por volta de 650 a aventura da Igreja católica na China tinha começado. É isso que podemos ler numa publicação da agência de notícias UCAN, que divulgou um estudo do padre Gianni Criveller, Pime, do Centro de pesquisas Espírito Santo, de Hong Kong.
Sabemos, por exemplo, que numa ampla região da Ásia central, que corresponderia hoje ao Iraque, Irã e Paquistão, a Igreja católica estava bem enraizada e estruturada já nos primeiros séculos do primeiro milênio. Foi essa Igreja, que chamaríamos de Igreja do Leste, que teve um papel determinante na evangelização de muitos países do centro da Ásia, como Índia, Sri Lanka, Tibete e Afeganistão, num período que vai do século quarto ao oitavo. Mais tarde, iniciou também a evangelização da China. Pelos achados arqueológicos, podemos afirmar que houve, já naquela época, um grande esforço de inculturar a mensagem do Evangelho na cultura budista reinante nesse país.
Há mais um sinal claro da presença da Igreja na China nessa época: a divindade mais venerada na China é Guan Yin, a deusa da misericórdia. Ela é a única entidade feminina a ser cultuada no budismo e suas estátuas começaram a aparecer nessa época, em que já podiam ser encontradas imagens de Nossa Senhora. Poderia ser um exemplo de contaminação religiosa.
A Igreja expandiu-se durante um bom período apoiada pelos imperadores da época, até que, em 841, começou a perseguição contra as várias religiões, só deixando espaço livre ao confucionismo e ao taoísmo. Sobreviveram somente algumas comunidades ao longo do caminho da seda, talvez pelos contatos que podiam ter com os comerciantes vindos do Ocidente.
Com a chegada dos primeiros missionários enviados por Roma em 1294, o catolicismo na China refloresceu durante quase um século para depois ser perseguido novamente com o advento da dinastia Ming. Recomeçou em 1600, quando, de novo, os missionários jesuítas chegaram e foram aceitos na corte do imperador. E foi sempre assim nos séculos seguintes: períodos de calma e de crescimento e períodos de perseguição e de martírio. Isso continua até hoje. A semente do Evangelho nunca morreu definitivamente ainda que, depois de mais de mil anos, ainda não tenha conseguido encontrar o terreno para poder brotar e produzir frutos como em outros países.
Agência UCAN - Hong Kong
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